quinta-feira, 29 de outubro de 2009

LIVRO NOSSA SENHORA DA UVA

INRODUÇÃO


Nascido e criado na região de colonização italiana da serra gaúcha, a religião teve forte influência em minha vida. Ao freqüentar as celebrações religiosas, uma das primeiras indagações foi sobre os títulos de Nossa Senhora. Afinal, quantas Nossas Senhoras tínhamos? No início, pela presença dos Capuchinhos franceses, Maria era mais conhecida como Nossa Senhora de Lourdes, inclusive padroeira da Paróquia da cidade de Flores da Cunha.

Depois vieram os missionários Capuchinhos, que passando um tempo em Portugal, na volta, começaram a divulgar Nossa Senhora de Fátima. Imagem indelével ficou na minha memória infantil, a chegada da estátua de Fátima, em uma missão, com pombas vivas que pousavam no andor da Virgem, durante a recepção festiva e procissão.

Regionalmente ouvia-se falar muito em Nossa Senhora do Caravaggio, que na década de 1950, já levava milhares de peregrinos à localidade do interior de Farroupilha. Era difícil entender como uma mesma Santa, recebia tantas denominações. Somadas ainda, a citações de Nossa Senhora Aparecida e no interior da capela de Otávio Rocha, havia as estátuas de Nossa Senhora da Saúde, das Graças e do Perpétuo Socorro.

Todavia, com o passar dos anos e a aquisição de novos conhecimentos, foi possível compreender que a igreja deixava o povo se manifestar, saudando sempre Maria, com invocações que relembravam aparições ou fatos extraordinários que marcaram a vida de uma das Mulheres mais conhecidas e admiradas da história da humanidade.

Neste sentido, são centenas de invocações. Através da internet e graças ao livro “Tutte le apparizioni della Madonna in 2000 anni di storia”, gentilmente oferecido pelo nosso Reverendo Bispo de Caxias do Sul Dom Paulo Moretto, são apresentadas nesta obra, as mais conhecidas e variadas invocações de Nossa Senhora.

E entretanto foi a localidade de Otávio Rocha, no Município de Flores da Cunha, o berço da devoção a Nossa Senhora da Uva no Brasil e quem sabe da América Latina. É até estranho registrar que a região, após mais de cem anos da imigração italiana e sendo principal pólo produtor de uva e vinho do Brasil, ainda não conhecia esta denominação de Nossa Senhora. No início, tal invocação, causava surpresa, mas diante do quadro do pintor francês Pierre Mignard, a surpreendente denominação foi aceita e iniciou-se sua divulgação.

Cabe destacar que o distrito Otávio Rocha, tem desde o início da sua colonização, uma intensa atividade ligada aos setores de uvas e vinhos. São mais de 300 famílias produtoras de uvas e dezenas de vinícolas. Aqui foram colhidas premiadas uvas, elaborados vinhos de excelente qualidade, inclusive utilizados em milhares de missas, com destaque no Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro.

Além disso, a localidade ainda tem suas ruas denominadas com nomes de uvas, assim, Av.Uva Itália, Rua Uva Isabel, Rua Uva Perlona, Rua Uva Moscato... E a Praça é chamada de Regional da Uva, onde se encontram plantadas diversas parreiras representativas dos municípios maiores produtores de uvas do Rio Grande do Sul. Otávio Rocha sediou ainda o início festivo de abertura da safra do vinho, início simbólico da poda das parreiras, tem a segunda festa mais antiga do estado ligado a uva : Festa Colonial da Uva. Enfim, seu povo vive, trabalha e festeja em torno da uva e vinho.

Assim, este livro quer resgatar a história da devoção a Nossa Senhora da Uva no Brasil, tendo como berço a comunidade de Otávio Rocha. Surpreende a variedade de imagens e pinturas de Nossa Senhora da Uva, especialmente nas regiões vinícolas da Europa. Ao mesmo tempo, tem o objetivo de divulgar este título de Maria, em primeiro lugar na região de maior produção de uvas e, rogar a Nossa Senhora da Uva que abençoe a todos os que se dedicam a bela atividade da produção de uvas, que se transformam no vinho, escolhido por Cristo, para se transformar em seu sangue. E também para beber e comemorar!

Floriano Molon - fmolon@cpovo.net

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